terça-feira, 29 de junho de 2010

vá pro inferno

poesia é a coisa mais anti-poética que eu já conheci.
qual o tolo decidiu que poderia estancar
como quer que fosse esse
meu peito fraco e frouxo
que é peito de homem?

(ouvi dizer que na Síria
há uns vinte e tantos séculos
houve um poeta)

eu não. não sou poeta, que é que queira dizer
esta interessantíssima máscara;
chamam-me assim, desconfio, e apenas
tão somente porque sou fraco;

me soa melhor poeta (confesso)
que fraco,
que desiludido,
que desesperado por qualquer sentido:
me cai melhor poeta
que aquele que fica entre o tudo e o nada,
flutuando inerte
o insofismável vazio que por ventura
se convencionou verso.

meço palavras, piso leve. uma piscadela para cada poema.
minha impolítica poética:
não sei se choro minha mágoa,
ou se conquisto a menininha que nem sei...

(na dúvida
rio,
choro,
um chopp,
bastante
eu converso)

e quando o medo passa,
(ou pelo menos
finge que)
só aí, e só quando já quase não vale a pena dormir
de tão tarde!
de tão cedo,
eu me deito

amanha tenho dia cheio.

Um comentário:

Bitlejuice disse...

incrivel
ps. tu escreveu ele hj? (madrugada de sabado para domingo)