quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Sexo-Amor

A distinção entre amor e sexo é tão em voga quanto hedionda. E, se concebível fosse, aleijaria o primeiro e deturparia o último.

Sexo sem amor é pura experiência masturbatória, alicerçada apenas pelas vaidades e inseguranças humanas. Perde seu sentido mais profundo – único, ousaria dizer.

Amor sem sexo, por sua vez, não só existe como é fomento indispensável da vida. Não obstante, extirpar-se-ia seu ramo mais profundo e misterioso.

O amor metamorfoseia-se de diversas formas; indiscutível. Assim como o expresso em palavras, há aquelas demonstrações mais ou menos concretas, mais ou menos explícitas, mais ou menos realistas.

Pressupondo-se que o amor está presente desde os primórdios, anterior à escrita, às cidades e às palavras - axioma que não abro mão - tinha ele que se expressar de alguma forma.

O sexo era seu código único e sagrado. Por conseguinte, eram dois elementos indissociáveis. Na realidade, um elemento só.

Aqueles tempos em que a linguagem universal era os instintos levam-me à conclusão: o sexo é a linguagem instintiva do amor.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Algo sobre o qual vinha me perguntando nos últimos tempos, para fins pessoais mais do que propriamente filosóficos, era as origens da felicidade. Como a absorvemos - se é que o fazemos? Porque certas coisas nos fazem feliz enquanto outras nem tanto? O que a constitui? É uma partícula, uma energia, existiria ela de fato? Mas o ponto principal era sobre o caminho que se deve trilhar no intuito de obtê-la.

Ao longo de anos me exauri tentando mudar os fatores exógenos que, em teoria, determinavam a insatisfação constante a qual eu estava submetido sem, contudo, bem suceder. Era incapaz de perceber que ter esta ou aquela garota, este ou aquele grupo de amigos, era indiferente na busca pela felicidade.

Sinto-me estúpido, hoje, ao realizar que esta é uma procura vã. A real felicidade, aquela plena e duradoura, está no nosso âmago. Precisamos ativar os nossos receptores interiores que captam as partículas – se é que podemos inferir à felicidade tal característica – máximas da vida, aquelas que, de uma forma ou de outra, são o objetivo único no plano carnal.

Que não se espere um estado de felicidade inabalável, por se tratar de algo utópico e ingênuo. Na realidade, isto tampouco é desejável, pois os momentos de tristeza são os que definem os alegres como tal.

Ter firmeza e bases sólidas para se apoiar ao enfrentar a infelicidade é onde reside o segredo da manutenção da felicidade. Por isso, proponho a máxima: encontre paz espiritual e equilíbrio carnal e serás feliz.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Comentário Musical

Comentário baseado na música Haiti, por Caetano Veloso e Gilberto Gil:

Estava, por ocasião do tédio, contando mentalmente aqueles a quem eu considero especialmente inteligentes, os que entre melhores se destacam.Curioso o resultado: Caetano Veloso e Gilberto Gil são simplesmente geniais. Eis aqui o por quê:

“E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco
Brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina”

Colocam-nos, de cara, um problema. Caetano vai, causticamente, nos guiando por esta viagem de flagelação da consciência. Em grave silêncio, escutamos:


“Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos””

Várias são as citações relativas à época em que foi feita a música, enquanto, no pensamento, a encenamos em paisagens brasileiras. Uma tragédia tropical... A música continua, e é cada vez mais profundo o mergulho neste gueto da mente:

“E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba”

O auge da questão, enfim, está para aparecer. A melodia nos encaminha seu motivo de ser, quando, tomado por uma fé profunda, não se quer nada mais que a resposta. Diz, Caetano!
“Pense no Haiti, reze pelo Haiti

O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui”

Que forma mais brilhante de não concluir um raciocínio! O Haiti tanto é aqui, quanto não é. Compara-se a Einsten, e apenas, quando teve a genialidade de responder que as particulas subatômicas se comportam, simultaneamente, como onda e como matéria. Isso sim é arte... Gratos sejamos ao fato de que a cada um coube a genialidade devida.
Imagine Einstein cantando que
"O Haiti é aqui..."

Menos mal. Pior seria ver o Caetano Veloso, mais Gilberto Gil, tentando convencer cientistas de que a particula subatomica é, ao mesmo tempo, onda e matéria.


N.A.: Ou autor não se responsabiliza pela veracidade do conteúdo científico.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

sucessão

Sempre que chove
Lembro São Paulo

Sempre que pulo
Espírito Santo

Sempre que sento
Lembro Rio

Sempre que rio
Esqueço

Teoria I

Já dizia Aristoteles:
Só no ambito do Polis, um homem pode ser verdadeiramente feliz.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Mistério do planeta

O mistério do planeta
revelou-se, por fim, uma farsa
umas pétalas esparsas
que o vento levou faz tempo;

o processo de cicatrização
das flores
é lento.

O mistério do planeta
revelou-se, por fim, intempérie;
nada que a indiferente
natureza não se encarregue:

quer mais rápida
ou mais dolorosamente.

Lágrimas não afogam o momento
e bem o sabe, o mistério do planeta;
toda fuga é imaginária
e,
ao revelar-se, por fim
em sua intimidade mais dolorosa

mostra-se mais planetária
e ainda mais misteriosa.

Sendo, sofrer

Sofrimento não me é caro,
É bom a mim:
(Se te é caro,
deixa-me ajudar-te)
À vastidão eu o cultivo.
(Lhe ofereço.)

Amor inalcançável
            Calor que queima antes do toque;
De beleza que se vê,
          beleza que cega e que guia
A cantar meu nome,
Beleza que beira a tragédia;
Encanta-me e some,
Beleza que beija a tragédia.

Amor que não se consuma
E que me consome
E que me encanta
E que me cansa!...
          E que me encanta, e que me devora; e que me some
E que me volta.
          (sem volta; e sem voltar...)

Sofrimento, eu o abraço
          de volta
Enquanto me possui
Canto o prazer da alma.
Deleite profundo,
A fundo me cava,
                    me penetra
Abstrata ereção do imponderável.

Vai,
Torna-me eu,
Vem,
Entorna-te em mim
(De novo e novamente,)

Faz amor – seja: que sejamos; sejam.
Se cumprimentam, se beijam, se amam
Se comem
          E se vomitam; vísceras a dançar.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Uma flor é só uma flor
no jardim, na varanda...
Uma flor, o que é
senão uma planta?

Não flutua no espaço,
não paira, por mais tentador
que parecesse, fazê-las etérea,
ao Criador...

Uma flor, como qualquer outra
planta, cresce na terra
e também ela não a germinou.

Uma semente deu origem à flor,
ou terá sido o pólen?
E entre elas, não são as mais belas

– as que nunca se colhem?

comentário

"e que os proto-wannabe-pseudo-escritores desta joça tomem no meio de seus cús. cús mesmo. os gemidos serão agudos, tenho certeza."

Tigre de Bengala

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sistema Internacional do Séc. XXI

Estamos no Rio de Janeiro, tendo aula de RI com um professor alemão de Berlim, que veio da Inglaterra e está falando português.
Ah, a globalização...