contra-tempo:
o tempo a vida
não hoje não hoje eu vou
sentar quieto olhar nada
falar com ninguém:
os olhos os ouvidos a fumaça na cara
a minha disposição
toda concen-
trada
mais perto do
chão
Nasci
como ser (?)
Serei até morrer
simples
ser.
O que dissera o ser
quando nasceu? Ser
humano?
Esse ser humano tão sério
tão cego
o que vê?
Será o ser ou será o ego?
Me entrego na condição de
ser,
sereno. Sereia, Será?
Serei a sereia,
o que será de mim?
Nascer
ser
morrer.
Sem alegria
Sem fim?
Será poesia?
Serei poesia!
(Não posso ser poesia
se sou humano,
ser humano
E o mesmo fez questão
de gritar a mentira do século:
''Sei ser!''
Mais um estúpido ser
-retruquei-lhe)
Ainda indago aos sábios:
o que será de mim?
Simples ser humano
não pode ser meu fim
Depois de tantos anos
sendo
e
morrendo,
vivendo
e
renascendo, a
nostalgia de simplesmente ser
torna a não mais entender
a razão de uma vida
para se viver.
E morrer.