sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Não escreva poemas de amor.
talvez,
o amor não mereça um
poema. um verso de amor
pode acabar morto,
como um guardanapo
marcado de batom

no lixo,
entre os negativos velhos
os controles sem pilha,
eis onde pode acabar
o meu poema de amor

Não escreva, talvez
poemas de amor
vai que depois ela não é poema
e você já escreveu
ou ainda
vai que o poema é bom


mas


como calar a poesia
vendo-a dormir, as palpebras
tremulantes. A respiração leve
que em seu calmo ir e vir, lembra
uma cadeira de balanço. uma
canção de ninar.

como calar a vontade
se, com os olhos bem atentos,
a companhia vira paisagem
e o calmo ir e vir -
do corpo ao ar -
é como a brisa de um parque

todos os latidos
cacarejos, assobios,
a sola do sapato dos
corredores,
a bicicleta com uma rodinha!


cotovias, Flamboyants, até
a tangerina do pic-nic.
O alfabeto da poesia
inclui todos, menos o amor

então eis o que é
talvez não seja certo
talvez
não seja arte. mas
é certo que escrevo
não porque a amo
escrevo porque
o meu amor é um parque



por Picanha Aguillar

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Tormento Contemporâneo

A multidão cria
um caos de sons e movimentos
que ao longe
é feito uma só forma
composta
pelas mil complexidades
de um só homem

Grita o mundo
por mil gargantas
umas milhões de palavras
com trilhões de ideologias
um turbilhão de emoções
enquanto
as árvores continuam a ser
árvores
-também em sua
devida complexidade-
e o humano a angústia
ou acomodação

A nação se divide
em homens de bem
porém aqui também somos
homens de mal.
Homens demais.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Assim,    de repende
nasce a frase
a palavra
a mentira a verdade

doces ou amargas, são apenas
palavras
ocas
se não ditas
por bocas certas ou
escritas por mãos loucas

descrevem uma idéia
um plano
escrevem sobre o dia
um ano

não passam de loucas
as palavras que condensam
em um instante
a fragilidade do mundo
que por tão complexo
não me deixa condensar em palavras
a fragilidade do instante

Incessante minha briga
pelo significado do mundo
ou da palavra
ou do instante
que morre ao início
e se perde no cosmo
feito um vício
por algo que antes
nunca
aconteceu

Dentro da vida o
instante não tem
relevância

Universo
Planeta
Estrela
Cometa
Homem
amor.
Flor
Pétala
Cor
Cheiro

Mera questão quantitativa.