segunda-feira, 31 de outubro de 2011


umas cordinhas invisíveis
que nos prendem à vida
me pegam pelo pescoço
toda vez que admiro
a imensa descida...

do que a força irresistível
a puxar pra baixo,
as cordinhas invisíveis
são o melhor rastro
de que não há saída...

se tudo é prédio, é lage,
só no chão estará seguro
quem pretender ainda
morrer de longevidade...

já quem aspira
atingir estrelas pela via expressa
da vida, subirá por essas cordinhas mesmo
- chega de ser carregado!

só cuidado com a longa queda...


sábado, 29 de outubro de 2011


Tem coisa que
não se diz
porque não
cabe
em lugar algum
e não é pra sair
não pode
não dá
mas dá pra
entrar






por Carlos-coração-de-Tigre

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Somos um cigarro


O corpo é a seda:
ou seja,
não importa (tanto)
a qualidade
o importante é que
dê pra fumar;
quem nos fuma é o
tempo, o devir;
o conteúdo somos nós
que preenchemos:
tabaco, bagulho,
é o de menos...
cabe criar que fumo
seremos
(se psicotrópicos, alucinógenos,
energéticos, ou
anestésicos...):
- queime depois de ler.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

As velas


As velas

não se perguntam por que queimam,
o ser do seu brilho,
da dor do fogo
nada sabe a vela;

não sabe a vela
que quanto mais brilha
mais escuro fica
o escuro

e quando brilha pouco
cada vez menos,
não brilha
até que se apague
antes do tempo;

há pouco era enorme,
e agora já vai curta...

e mesmo se perguntassem
no mais fundo,
ainda assim,
do pavio
haveria (e hão!)

de sempre e até o fim, brilhar.


quarta-feira, 19 de outubro de 2011


se engana quem pensa
que um viajante
está sempre a mudar de endereço:
a viagem começou faz muito,
muito tempo atrás
(acho que foi
em 1991);
e de lá não parou,
girou correu dançou
e até ficou um tempo quieta, mas
se engana quem pensa
que uma pausa –

– é o fim...
que a parada é um intervalo
(lúdico-amoroso?)
que nada!
viagem é sempre, é tudo
não é uma droga
viva!
GRITE!
Ame!
e quando por fim
(que é o destino de toda gente)
desejo tão só


que você MORRA...


Viajante


se engana quem pensa que um
viajante está sempre a mudar
de endereço: a viagem começou faz muito,
muito tempo atrás (acho que foi
em 1991)
e de lá não parou, girou, correu
dançou, e até ficou um tempo quieta, mas
se engana quem pensa
que uma pausa –

– é o fim da viagem...
que a parada é um intervalo (lúdico-amoroso?)
que nada!
viagem é sempre, é tudo, não é uma droga
viva! GRITE! AME!
e quando por fim
(mas não menos importante,
que é o destino da gente)
desejo sinceramente

que você MORRA!!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Idade da Água

(possível prelúdio)


já chega de falar em pedras, não é mesmo?
basta de pensar em pedras, como pedras
basta!

a verdade é uma pedra? que nada!
uma água, um oceano, um imenso nada!
muito de nada... (nademos)

fazer da incerteza uma farda, da insegurança
uma espada! (penetrante como um samba ao violão):
da água, uma pedra.

aliás,
já chega de falar em pedras...


domingo, 16 de outubro de 2011

solidão revolucionária


- antes do fim, antes do amor
preciso é saber girar entre astros
sem se queimar -

disse-me o sol, quando entre planetas,
se engraçando pra cima da lua
corando as faces dela,

- o amor queima, e a solidão
é a única revolucionária (e tanto pior quanto
mais despropositada) -

de tanto girar, tontos
ficamos, a esmo, e perceber é preciso
que ao fim de cada ano
voltamos
sozinhos, pra os antigos mesmos lugares


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

0


o zero é separar numa folha em branco.
branco do branco.
branco sobre branco.
sob branco...
isto daquilo, daqui pra lá
não passa
mesmo que seja nada
(até porque se um tentasse
não seria mais zero, seria um).

zero é o próprio ato de zero:
sua linha
que cerca a si mesma
cria um dentro
(e um fora)
onde podem nascer uns, e doises,
e três, e quatros e um milhão!
infinitas vezes...

antes era nada...
zero pra quê?
se tem zero, não bota nada
vai fazer outra coisa (arranjar algum?)
...

mas não, tinha que vir um engraçadinho
falando que o nada é um grande nada
e tudo é o que existe...

De que entranha onírica, Mãe Terra, tiraste
estes espécimes que tanto me confundem a cabeça e fazem

eu andar pelas linhas tortas.?!