quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Desabafo da madrugada

Vivemos à espera da morte
Cada dia passado neste mundo ingrato
Dela nos aproximamos mais
Mas jovens, sonhadores, semideuses
Ignoramos sua possível iminência.

Mas a possibilidade em si
Indiscutivelmente improvável
Ainda que tangível
Já diz por si só.
Remota, não nos atormenta a inexistência.

Bati-lhe os olhos e já sabia
Apaixonadamente perdido me entreguei
Mesmo sabendo que me entregava ao carrasco

A morte do mundano é certa
No entanto, como a vida
Seu fim é longínquo e inconcebível
Não conosco, por outro lado
Nosso amor já nasceu moribundo.

De nossa conexão terminal
Cujo desfecho previa desde os primórdios
Aproveitei cada segundo, cada suspiro
Pois subitamente este poderia ser o último

E a cada última gota sorvida
Da fonte que inexoravelmente se secaria
A esperança do infinito, do eterno, dava-me a vida.

Até que, tranqüilo, respirei
Mas onde estava o ar que me animava?
asfixiado e atônito olhei em volta
Caia no abismo, na escuridão, no nada

Morremos. Mas, incrédulo, vivo.

3 comentários:

Jack Staobeck disse...

madrugadas perdem o homem...
gigante, só tenta colocar mais leveza, fluidez, que seus textos vao ficar mto melhores.

gostei muito disso:
"Mas jovens, sonhadores, semideuses
Ignoramos sua possível iminência."

Gigante da Montanha disse...

Concordo quanto a fluidez! O que vc entende como leveza? Esta parte não ficou muito vclara pra mim..

Jack Staobeck disse...

tava pensando em fluidez quase no mesmo sentido que leveza na real..