terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Psicostasia

Duas belas moças se aproximaram de Osíris para que o Deus dos mortos pudesse pesar seus corações, sem que pudessem deixar de se inquietar perante a notável presença da besta híbrida sob os seus pés. A primeira delas sentia uma lufada de medo, renovada a cada olhadela que ela se arriscava a dar em direção à fera. Já a segunda tinha tanto medo de sentir medo que se ateve a certeza da leveza do seu coração.

Como ele poderia pesar mais do que o devido? Refletindo mais sobre a questão, ele não poderia pesar nada em absoluto! Afinal, ela havia vivido uma vida irretocável. A outra, infelizmente, não podia dizer o mesmo. Não é possível que se diga com precisão, mas provavelmente isto aumentava o seu nervosismo. De uma forma ou de outra, ela apenas esperava o momento no qual o prato da balança que sustentava o seu coração, tendo sido este posto em oposição a uma mera pluma, decairia, sentenciando-a à inexistência.

Sua surpresa, portanto, não poderia ter sido maior quando de olhos bem apertados para evitar um último contato com a monstruosa boca do seu algoz ela escutou da voz de Osíris. Ela estava livre para iniciar a sua jornada no mundo dos mortos. Após a certeza do fim, da agonia máxima, a moça estava em êxtase. A alegria mais intensa e genuína inundou o seu corpo, refletindo-se em cada centímetro do seu corpo. Era como se fosse de fato possível sentir a felicidade entrando em cada uma das suas células.

A segunda, ainda munida de sua inabalável segurança, entregou o seu coração e o admirou com tranqüilidade à espera do anúncio que resultaria na já esperada sentença. Um sorriso brotou-lhe à face em seguida. Um sentimento levemente quente e acolhedor se irradiou em sua superfície. Uma felicidade rasa, porém familiar. Não que isto a afetasse, vale a pena ressaltar, já que ela não era capaz de conceber a alegria como um sentimento multifacetado e diferente daquilo a que fora acostumada.

Não que fosse durar muito mais tempo de uma forma ou de outra, mas a evasão da sua felicidade deu-se de maneira mais rápida do que lhe era peculiar. Ao erguer seus olhinhos vitoriosos em direção a Osíris, o Deus não só permanecia calado, como era possível identificar um traço de incredulidade na sua fisionomia.

- Não é bom? – perguntou a moça, um pouco atônita nesse momento – Quero dizer, o meu coração é mais leve que a pluma! Não atesta a veracidade do que digo o fato do prato em que meu coração está alojado ter se erguido acima da pluma? Isto não é leve o suficiente?

- Excessivamente bom – respondeu o Deus do Mundo das Sombras - Segue teu caminho na morada dos mortos, você ainda possui toda uma eternidade para entender que a felicidade só existe em oposição à tristeza, a conquista em oposição à desilusão. Ao tomar uma rosa às mãos é difícil ser poupado pelos seus espinhos. Ainda assim, a rosa vale o corte, assim como o sorriso vale o choro.

E ela de fato chorou genuinamente pela primeira vez na sua vida. Osíris sorriu. Ele sabia que tinha salvado aquela bela moça.

72 comentários:

Judy disse...

assim como uma montanha-russa só vale a pena com altos, baixos e curvas.

quase sem dúvida digo que esse é seu melhor texto até agora, em vários sentidos..

engraçado, conversei mais ou menos sobre isso com duas pessoas em situações diferentes semana passada..

João Medeiros disse...

Um dia eu pedi uma edição de luxo do Desespero Humano do kierkegaard de dia das crianças; meu pai olhou friamente pra mim e disse:
- Espero que vc esteja simplesmente em busca do contraste... a propósito, já fez seu dever de casa hoje?

Jack Staobeck disse...

"a felicidade só existe em oposição à tristeza"

não entendi isso muito bem.
por que? a oposição entre felicidade e tristeza somos nós que fazemos com base no que acreditamos, no que construímos para nós. Eu entendi isso como se só pudesse haver felicidade se ela for oposta a algo que a gente chama tristeza, que o indivíduo condiciona como tal.

Anônimo disse...

"já que ela não era capaz de conceber a alegria como um sentimento multifacetado"

"E ela de fato chorou genuinamente pela primeira vez na sua vida. Osíris sorriu. Ele sabia que tinha salvado aquela bela moça."

também não consigo entender esses trechos.

permita-me ser literário: para mim, a profundidade não está nas palavras ou nas formas, mas nas idéias.

acho, de novo, que você poderia ser mais subjetivo, menos panfletário e autoritário com suas idéias.

digo, há um julgamento brabo de valores no texto, e o autor parece se ater tanto as suas idéias, concepções e valores quanto a moça se atém a sua concepção "rasa" de felicidade e Osíris a sua certeza de redenção. e coloco rasa entre aspas porque, como eu vejo, não há felicidade mais rasa ou profunda que outra.

além disso, parece querer reafirmar seus postulados a todo momento, empobrecendo, assim, a prosa em si.

tipo, se você afirmasse todas essas coisas num texto subjetivo, com personagens que representasse suas idéias, seria mais tranquilo. mas querer enfiar afirmações como essas goela adentro é doloroso e de difícil digestão.

Anônimo disse...

representassem*

Anônimo disse...

ah, sim, mas já que suas idéias e intenções são evidentes, e você parece argumentar com o leitor, afirmo: essas suas concepções de felicidade, medo, insegurança, indivíduo, etc., me soam muito estranhas. parecem estar carregadas de um maniqueísmo brabo, artifício da mente para conseguir "conceber" o mundo de uma forma mais agradável, mas também mais pobre.

digo, felicidade x tristeza, vida pobre x vida rica, conquista (wtf? conquista?) x desilusão (wtf? desilusão?), essa oposição doida aí, é palatável, mas só. a vida, a felicidade e todo o resto são muito maiores que isso. mais, isso não tem nada de multifacetado.

não quis parecer grosso, mesmo. só falando o que achei, Gigante.

Jack Staobeck disse...

lembrou bem esse lance do maniqueísmo, tiger.
o texto faz realmente várias oposições entre coisas ditas boas e ruins.
felicidade existe.
tristeza existe.
conquista existe.
desilusão existe.
mas quem traçou uma linha e jogou uma pra lá e uma pra cá como coisas opostas fomos nós.
e essa idéia de salvação no fim é meio tensa... Osíris salvou a bela moça, entendi, mas de que ?

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

O Tigre falou tudo o que queria dizer e até o que não sabia que queria. Mas se de alguma coisa minha opinião vale - especialmente depois das palavras do felino -, acho que o Gigante imprimiu seu tamanho ao conto no que diz respeito à beleza, que supera até mesmo a das Belas. Juntas.

Anônimo disse...

pensando mais sobre o assunto, chego a uma conclusão que me assusta.

esse maniqueísmo que sustenta e norteia o texto parece-me servir mais como pretexto para a tristeza que qualquer outra coisa.

Cavalo Bundas Patas disse...

minha humilde opinião:

1. O maniqueísmo norteia o texto apenas aparentemente.

2. A segunda dama “tinha tanto medo de sentir medo que se ateve à certeza da leveza de seu coração”. Certeza como fuga ao medo, é um dos temas tratados.

3. A forma como nos é mostrada a 2ª personagem muda do 1º para o 3º parágrafos.


1º: “tinha tanto medo de sentir medo que se ateve à certeza da leveza do seu coração”

3º: “A segunda, ainda munida de sua inabalável segurança, entregou o seu coração e o admirou com tranqüilidade à espera do anúncio que resultaria na já esperada sentença”

4. É, de fato, o “sorriso quente e acolhedor” expressão de certeza? ou de medo? O mesmo não se aplicaria à sua ‘rasa’ felicidade?

5. É tentador analisar simploriamente a declaração de Osíris, no sentido mais restrito do termo oposição. “(...)felicidade só existe em oposição à tristeza, a conquista em oposição à desilusão”.


6. Observando, porém, a frase seguinte, “Ao tomar uma rosa às mãos é difícil ser poupado pelos seus espinhos”, que pretende Osíris?

7. Acredito que seja revelar à então angustiada donzela que felicidade e tristeza não se separam, se completam. Assim como por rosa se entende tanto o que há de belo quanto de sofrido, na flor, Osíris tenta indicar que fugir a um é fugir ao outro.

8. A subjetividade que, segundo alguns, falta ao texto, está sutilmente entranhada na trama e disfarçada em um narrador que pretende a verdade absoluta, e na unidade da estória mesmo.


9. Tristeza, felicidade, conquista, desilusão, de fato, existem. Separadamente, nos questiona o texto?

10. A salvação como entendimento, compreensão. Metáforas não faltam ao texto...


Enfim, minha interpretação é a de que o texto é um libelo à liberdade humana, um urro a favor de nossa máxima potencialidade. Através da estória de uma dama que teme a si mesma, que se põe correntes, que limita o quanto pode ser, nos guia por nossos porões mais escusos, propondo assim uma compreensão que vai além daquilo a que nomeamos e delimitamos em conceitos, indo tão longe que torna a si mesmo, ao homem, ser humano, e que por isso o compreende em sua infinita multiplicidade e limitação. De outra forma, em seus altos e baixo. E curvas.

A. disse...

olha eu não gostei da moral da história, batida vazia e sem sal e tal, mas vocês estão exagerando demais, fuck voces estao forçando, ei, comprem briga com o gigante mas nao com psicostasia. só pq era dele fizeram a leitura mais perversa possivel. como fábulinha está adequado ao objetivo, eu gostaria que houvesse uma versão 2 ou 3 com mais detalhismo incomum. se tudo que fazem aqui é lhe jogar conceitos pesados como tomates e acusar de maniqueísmo e sabeoquemais, eu levanto e defendo: não são idéias, são palavras.

tigor nao acho que ele esteja afirmando os postulados a todo momento. só no fim, man. um final louco deixaria tudo desequilibrado causando algum efeito

( mas a moral é feia mesmo. se o gigante expandir as descricoes e deixar o fim mais vago e livre, talvez fique saboroso )

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

e lá vem as justas medievais.

acho, realmente, que é maniqueísta. acho, realmente, que está repleto de valores e julgamentos, como numa fabulinha, como o A. disse. acho, realmente, que a história toda funciona somente para a reafirmação da moral final.

digo, libelo à liberdade humana e urro a favor de nossa máxima potencialidade? obrigado, terceiros, mas eu exerço minha total potencialidade.

sou infinitamente múltiplo e extremamente limitado, e sou FELIZ. argumente contra minha felicidade, meu caro.

enfim, chopps e eu refuto esses argumentos sofisticados e pomposos.

Anônimo disse...

digo, não há meios de discutir com Osíris. é o julgamento final. é a sua vida sendo interpretada por um terceiro.

não há margens para interpretação num panfleto religioso ou numa fábula de Esopo.

por isso incomoda, deixo claro.

Arthur A. disse...

Acho que julgar o texto pelo seus dogmas é uma ação totalmente dogmatica. Eu adorei a simbologia do texto, assim como a história e tudo o mais. Porém, se prender em criticar o que há por trás é meio chato. eu espero que as idéias expressas no conto não sejam uma posição fechada acerca do tema. Isso não é pra ser validado ou refutado, muitas vezes escrever é exprimir uma sensação momentânea, e é precisamente isso que vejo neste texto. Se tiver sido escrito como um manifesto eterno, acho bobo, mas eu realmente acho que não é a idéia. Parabéns, gigante, não tenha medo de escrever!

Anônimo disse...

discurso = política.

não critico o que está por trás. de forma alguma critico o Gigante pelo texto. critico o narrador que, através do uso de um Deus, de oposições, de argumentos autoritários, de julgamentos, nos encaminha para uma moral, uma lição, um veredicto.

e, ei, os outros blogueiros, onde estão?

Cavalo Bundas Patas disse...

a biblia, por exemplo, apresenta as mesmas características referidas, e nem por isso negamos seu valor literário...

Anônimo disse...

"já que ela não era capaz de conceber a alegria como um sentimento multifacetado"

ah, então é esse o problema da menininha, além de ter medo de sentir medo? e é por isso que ela é inferior a outra e passível de crítica?

induza-me a elucidação textual.

parece-me que quem está levando em conta o "por trás" e o autor como pessoa são os que simpatizaram com o texto.

Cavalo Bundas Patas disse...

""Levanta paredes, bicho-homem,
não é de bom tom que te mostres nu."

belo poema. belas idéias"

do poema do jack vc gostou porque concorda com as ideias, entao, esse é o seu critério?

Anônimo disse...

é, e cada trecho da Bíblia abre milhões de caminhos, é só ver quantas religiões distintas utilizam-na.

mas tudo bem, mandemos um foda-se a hermenêutica.

Anônimo disse...

isso, San, ad hominem.

não gostei do texto do Jack por causa das idéias. gostei por causa do jeito que o escreveu. para ser sincero, disse a ele, assim que li:
"gostei muito dele, só acho que a última frase é desnecessária." estética, simplesmente. gostei TAMBÉM das idéias. e, se tivesse gostado apenas pelas idéias, seria perfeitamente válido.

"caralho, San, as primeiras três estrofes foram construídas com uma maestria absoluta."

em comentário a um poema seu. parece-me diferenciar-se desse meu "critério".

o poema do Jack, o seu, nada tem a ver com o texto do Gigante.:

caralho, que mentezada de justa medieval. puta que o pariu. babaquice rolando solta.

Cavalo Bundas Patas disse...

desculpa se eu nao escrevi 'mantidas as devidas proporções da comparação'...

se vc se atem a uma única e simplista interpretação pra poder taxá-lo de autoritário e moralista, que a meu ver isso só parece um problema porque contraria os seus valores, quem está reduzindo as possibilidades do texto nao sou eu...

Anônimo disse...

agora falta pedir as cartas, chamar os universitários, gritar pra mamãe e juntar o bonde pra me bater.

se pá falta um tanto de COMPREENSÂO.

Cavalo Bundas Patas disse...

isso carlos, ad hominem tb...

então nao diz que vc nao gostou do texto porque é autoritário, diz que está mal escrito e pronto.

Anônimo disse...

"acho, de novo, que você poderia ser mais subjetivo, menos panfletário e autoritário com suas idéias."

alguém afirmou que ele seria melhor por fazer isso?

OPINIÂO, GALERINHA. OPINIÃO. EU NÃO SOU OSÍRIS!

poder taxá-lo de autoritário e moralista?

é, galera. vou dormir.

Anônimo disse...

EU não GOSTEI do texto porque ME parece autoritário e porque ACHO que foi mal escrito.

da próxima vez eu mastigo.

Cavalo Bundas Patas disse...

se fosse autoritário e muito bem escrito?

Anônimo disse...

tô pensando em comprar uma lata de Campbell soup pra colocar ao lado do meu Livro Vermelho.

Cavalo Bundas Patas disse...

muito engraçado, agora argumente.

Anônimo disse...

se fosse outra coisa, seria outra coisa, e eu criticaria de outra forma. só.

Cavalo Bundas Patas disse...

ou me ataque, e diz pra eu chamar o meu bonde, é quase a mesma coisa

Anônimo disse...

tente reler seus comentários. ironia e ataques desde o começo? interpretanções convenientes? superinterpretações? embate?

ataques = argumentos?

way to go.

Cavalo Bundas Patas disse...

textos aque carregam uma mensagem moral existem milhares na literatura, e nem por isso os consideramos pior literatura; quanto ao autoritarismo, nao se está falando de uma característica literária do texto, e sim de um valor moral. logo, quem está sendo moralista e autoritario é voce.

A. disse...

tigor eu nem LEMBRO do texto do gigante mais: seus comentários sao a coisa mais autoritária da página e eu estou muito assustado. ok man, aceite discordarem de ti e escreva algo: saia pelo bom caminho e produza novas cores: voce esta há horas xingando algo que odeia: voce está no mesmo nivel ou até pior. seus comentarios nao sao nada literarios ok. viajou total

Anônimo disse...

se eu falo, falo de mim.

fala-se de um valor moral e logo quem está sendo moralista e autoritário sou eu? wow, sofisma.

puta que o pariu, parece que eu disse pra queimar a porra do texto.

o que disse, e repito: EU NÃO GOSTEI DO TEXTO PORQUE O ACHEI MAL ESCRITO, MORALISTA E AUTORITÁRIO.

a moral pode ser uma característica literária. na verdade, ela é, muitas vezes.

SE ELE EVIDENCIA UMA MORAL, SE INCRUSTA ELA EM SEUS PERSONAGENS E NO DESFECHO DA ESTÓRIA, EU POSSO CRITICÁ-LA.

wow, tá demorando.

Anônimo disse...

tô nervoso. não com o texto. não com a falta de literariedade.

mas com a porra da posição do Cavalo. e xingo, e imponho a MINHA opinião sobre MIM.

apontem-me um só momento em que disse: isso não é literatura, isso não é bom universalmente.


enfim, vou viajar total pra lá. escrever algo. gogo power ranger.

Cavalo Bundas Patas disse...

pode criticar enquanto moral, mas enquanto arte é irrelevante.

Cavalo Bundas Patas disse...

se é esse o caminho, entao cada um que fique com a sua opiniao, ja que nao estamos falando do valor artistico, não há o que se discutir... cada um ache o q quiser, ´tima saida

Cavalo Bundas Patas disse...

vc podia ter poupado algumas horas da minha noite, tivesse dito isso antes

Cavalo Bundas Patas disse...

alguem sabe quantos gols o fluminense precisa fazer pra ganhar?

Anônimo disse...

é, enquanto arte, é irrelevante.

Anônimo disse...

"Enfim, minha interpretação é a de que o texto é um libelo à liberdade humana, um urro a favor de nossa máxima potencialidade."

Engraçado o texto poder tomar a forma de um libelo à liberdade (conceito) e um urro a favor de nossa máxima potencialidade (conceito) e isso estar completamente separado de valores, moral e política.

Daí chego eu, afirmo que o texto tem uma moral que não se pode separar da arte, assim como uma fábula, e me apedrejam.

Talvez tenha me colocado de forma errada. Me perdoem aqueles que ofendi.

Abracinhos, encerro a noite por aqui. De verdade, dessa vez.

Cavalo Bundas Patas disse...

Voce nao entendeu. Não é por defender a liberdade ou o extermínio dos ciganos que um texto é melhor ou pior que o outro, nem por colocar tal ponto de vista de forma mais ou menos autoritária.

Anônimo disse...

Não, você não entendeu.

Por ser panfletário e autoritário ele deveria ser mais subjetivo. Objetividade + autoritarismo = texto político.

Eu aliei, na minha crítica, o fato do texto se basear, e tão somente se basear, em uma moral rasa, e esquecer-se de ser texto.


"A alegria mais intensa e genuína" "não era capaz de conceber a alegria como um sentimento multifacetado"
"chorou genuinamente" "Ele sabia que tinha salvado aquela bela" moça."

Cadê a construção dos personagens? Cadê a ambientação? Cadê a parte verdadeiramente artística do texto? Se há, o erro é meu em não enxergá-la.

O que tento dizer desde o começo é: me parece faltar arte e sobrar panfletarismo. Se sobra panfletarismo e moralismo, eu os critico. Se falta arte, eu critico a falta.

Releia os comentários.

Anônimo disse...

Caralho, não consigo ir embora. Desliguei o laptop. Xau.

Anônimo disse...

p.s: viajei mesmo umas horas. sorry.

A. disse...

tigor: discordo de tudo
o texto parte de uma moral rasa justamente pq essa não é a questão: ele tá muito mais preocupado em elaborar imagens em si mesmas do que em passar uma mensagem conceitual. sério: eu interpeto exatamente o contrário do que você diz que acontece. psicostasia na verdade é bem inocente, e isso é bom (sim!)
versões mais elaboradas seriam bem-vindas (e talvez mais curtas hehehe). e o fim moralóide é meio broxante, mas e daí

Cavalo Bundas Patas disse...

"Por ser panfletário e autoritário ele deveria ser mais subjetivo."

ele não deveria nada, não mate a liberdade criadora!

"Objetividade + autoritarismo = texto político."

ou não.. vc não está sendo capaz de aceitar certos aspectos como possíveis elementos artísticos. que arte pode ser reduzida a uma formula?

Gigante da Montanha disse...

Caros amigos,

Sinceramente, acho o comportamento de muitos de vocês deplorável. O texto de fato não é incrível e eu não tenho qualquer ilusão quanto a isso. Por outro lado, eu realmente discordo que ele é um lixo.

Mas enfim, esta discussão só me mostrou que o texto não é desta objetividade que alguns o acusam, levando em conta os 48 comentários até agora que demonstram interpretações das mais diversas.

E esse é o principal problema: este blog foi criado para que todos os seus integrantes pudessem se abrir livremente e, me desculpem os que discordam, metade das opiniões são absurdamente dogmáticas!

"caralho, que mentezada de justa medieval. puta que o pariu. babaquice rolando solta."
"Objetividade + autoritarismo = texto político"
"Por ser panfletário e autoritário ele deveria ser mais subjetivo."

Caralho, que porra é essa?? Esta não é a ideia deste blog. ISTO é autoritarismo.

Gigante da Montanha disse...

E cara, apesar de não ter animais falantes, isto é uma fábula. Claro que o final é moralista! Eu não estou decretando que é uma verdade absoluta, e muito menos acredito que seja uma moral rasa.

Muito pelo contrário! Acho que a ideia de completude entre felicidade e tristeza não é algo "batido" ou que seja um tema que se esgote em algumas linhas ou 5 minutos numa mesa de bar. É uma ideia controvertida. Mas é a minha visão, é oq eu acredito, pelo menos neste momento. E acho que posso expressar isto da forma que eu bem entender

Cavalo Bundas Patas disse...

chegou tarde... tu leu tudo??

Gigante da Montanha disse...

Enfim, eu precisava estar estudando contabilidade nesse momento, pq a minha vida é uma merda.

Então, "mastigando":

Achei a crítica e a postura do Tigre indignas da pessoa incrível e infinitamente superior à retórica personalista, destemperada, incoerente e despótica apresentada neste espaço.

Obs: Viva às críticas e expressões de opiniões conflitantes, não poderia esperar nada melhor deste projeto!

Jack Staobeck disse...

po galera, vocês não leram o mesmo texto que eu.
sem juízos de valor sobre quem escreveu, até porque eu não o conheço a ponto de determinar qualquer coisa, mas o texto tem sim algumas questões que podem e DEVEM ser criticadas.
O fato do blog ser um espaço livre abre precedente sim para que as pessoas cheguem aqui e escrevam o que quiserem, mas também abre o mesmo precedente pra que seja feita a crítica que o leitor achar necessária.
A fábula é sim maniqueísta, tem um moralismo disfarçado e o estilo da escrita é pesado e meio carregado demais pelo menos pro meu gosto e tudo isso são críticas COMPLETAMENTE legítimas e de total pertinencia para uma análise literária.
Como o gigante falou, ele pode expressar-se no texto dele da maneira que desejar imputando os valores e a moral que ele acredita, mas relativizar as coisas o tempo inteiro vai levar ao que? Falta a alguns a percepção de que qualquer coisa pode ser arte, mas nem tudo o é.
Acho muito melhor pra evolução de todo mundo que escreve aqui se as pessoas começarem a realmente criticar, sem preocupação de ofender ou de julgar, os textos e poemas aqui postados.
Osíris Bless

Jack Staobeck disse...

e vocês não tem percepção nenhuma de que mesmo a prosa e a poesia são essencialmente políticas.

gary disse...

eu to um pouco atrasado, sou um pouco atrasado. li tudo aí em cima e concordo com várias partes do tigre e do gigante, e tb com o iluminado jack-beck. se ainda houver tempo, deixaria aqui minha opinião geral: ninguém atacou ninguém, vcs são é frescos. qro comentários (ou gnt me "atacando") qd eu escrever algo tb.

sobre o texto..só falo se tiver bebendo cerveja.

Gigante da Montanha disse...

Acho legítimo e edificante críticas de qualquer tipo. Meu problema quanto à crítica não é o seu conteúdo, e sim a forma que ela se desenvolveu.

O meu texto não é disfarçadamente moralista. Ele É moralista no sentido que explicita uma crítica de conduta que o autor considera pertinente. Ser moralista não faz um texto ser melhor ou pior, mais arte ou menos arte. Quem pensa o contrário é autoritário ou simplesmente medíocre. Isto é uma coisa, achar a moral "caída" é outra (totalmente válido, diga-se de passagem)

Quanto ao maniqueísmo, acho que fui mal interpretado - culpa somente minha e do texto, vale ressaltar. É a completude e a coexistência compulsória entre tristeza e felicidade que eu quis ressaltar, não a sua oposição como critério de existência.

Tá foda ser claro a essa hora..

Abraços!

Anônimo disse...

Fables can be described as a didactic mode of literature. That is, whether a fable has been handed down from generation to generation as oral literature, or constructed by a literary tale-teller, its purpose is to impart a lesson or value, or to give sage advice.

Não só o valor artístico é discutível, como a lição/moral transmitidas são passíveis de críticas.

Troquem o deveria por poderia, por favor.

Anônimo disse...

Isso aí, dedos rijos e apontados.

Nunca disse que o texto é menos arte. Disse que, para mim, é uma arte rasa, assim como sua moral. Fin.

Gigante da Montanha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gigante da Montanha disse...

Para deixar claro novamente, críticas são bem vindas, mas há maneiras mais amigáveis e efetivas do que o apresentado até então.

Jack Staobeck disse...

po gigante, pra você que gosta muito de moral é meio tenso jogar toda ela fora agora.
tu falou um monte de merda, simplesmente.
eu to é com o gary, vocês são todos fresquíssimos.

Gigante da Montanha disse...

Cara, eu respondi o Carlos porque eu gosto dele e as suas atitudes e opiniões são relevantes e me afetam positiva ou negativamente.

Sua participação nisso, por outro lado, me é bastante surpreendente. Quem é você para julgar como eu me senti? Se eu sou fresco ou não? Eu me senti incomodado com a postura de um amigo meu - em relação a mim - e me expressei.
Em última instância, o seu comentário é só uma agressão sem nenhum conteúdo e sem nenhum sentido pelo simples fato de partir de alguém irrelevante como você.

Jack Staobeck disse...

foda-se. hahaha

Jack Staobeck disse...

se você acreditasse só um pouquinho no que está falando, você não teria apagado o comentário.

Gigante da Montanha disse...

eu apaguei o comentário porque era ofensivo e este não é o espaço para eu resolver as minhas diferenças pessoais. Além de tudo, é contra a ideia original do blog ofender os outros participantes.

Acho que todos nós erramos neste longo debate e empobrecemos o blog.

Morgan Freeman disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Morgan Freeman disse...

Top,
Não emprobeceu o blog nao, pelo contrário.
De qualquer forma, eu me diverti.
Muito.

Cavalo Bundas Patas disse...

ai , se quiserem comentar no meu conto tambem... acho que esse ja deu né?

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Arthur A. disse...

Alguém aqui tem uma cereja pequenininha

Unknown disse...

Tirando todo o conflito, eu queria falar sobre o que o Jack ficou em dúvida.

Jack Staobeck disse...
"a felicidade só existe em oposição à tristeza"
não entendi isso muito bem.

O conceito de contraste se dá porque existem dois extremos. Sem um deles, não se notaria que determinado sentimento ou significado existe ou não se daria importancia. Exemplo:
Saúde x Doença
Sem doença não haveria o motivo de se prezar a saúde de forma alguma.