quinta-feira, 25 de março de 2010

Menina

Essas pequenas coisas...
Todas congeladas no tempo.
Mais parecem romance de quinta
do que memórias de vida,
e mesmo assim estão lá.
Meio enevoadas, esquecidas,
mas presentes.
Feito pinguim de geladeira.

Se são verdadeiras ignoro.
Mas que importa?
Apenas sei que descendo uma escada,
Os cabelos compridos na cara,
meu olhar encontrou o dela.
Um recreio escolar, veja você.

Ali não poderia afirmar nada.
Mesmo hoje não posso!
Mas aquele olhar,
aquela escada,
aquela menina,
isso ficou.
Essas pequenas coisas...

Confesso que não me lembro
de nossas primeiras conversas,
de nossas investidas dispersas,
dos sims, dos nãos, dos ais...
Peças da memória.
Mas já aquele primeiro olhar,
magnetismo animal,
além do bem ou do mal,
Puro.
Ele ficou.

Há mais pinguins na geladeira dessa história.
Um beijo aguardado e apressado,
um gemido encostado num carro,
um terraço e um baseado.

As maneiras todas que nos amamos
nos desejamos
nos consolamos do cinza da vida,
essa ferida, e finalmente
do cigarro pós-coito
dos sentidos relaxados
e daquele velho olhar renovado.

Essas pequenas coisas...



Um comentário:

Unknown disse...

cara, me amarro nesse teu estilo de prosa meio ritmada dos seus versos. alias, a pontuação ta mto boa, deu um ritmo irado, eu achei, e tambem a metrica. assim, nao sei se vou me expressar direito, nao acho que seja um grande poema, mas eh um belo poema, saca a diferença? ou de outra forma, tem algumas coisinhas das quais eu n gostei, tipo as rimas em ''-ado'' ou ''-amos'', um lugar comunzinho, mas nada demais, nao atrapalha, e mais, até da um certo ar de ingenuidade que permeia todo o poema.