quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Agora falando sério


Quem suporta esse lance
de ser carioca e ficar
com um olho na sirene outro no traficante?
Quem, não tendo razão alguma
pra aderir às partes
beligerantes,
se vê tão mais encolhido
quando a noite adentra...

– Tiros, tiros, tiros –

A violência anda cara
no Rio, mas há
quem lhe banque:
uma parte vem do pó
outra do restaurante.

– fogos estourando –

Enquanto isso (e não obstante)
Dioníso em solo tupiniquim
sobrevive só porque esguio;
foi pro terreiro, o expulsaram
subiu o morro, ocuparam
entrou no baile, pacificaram
(não há harpa ou lira que baste!)

– uma salva de palmas –

violência mesmo não é
essa violência barata
que se vê nos jornais;
onde foi parar aquele choro cortante
de uma roda de samba?
Pisadas de pata de elefante
sobre o baile funk

– ... –

acharia bom que fizéssemos algo antes
que os corações ficassem
por demais duros
de se proteger das balas...

Nenhum comentário: