Quem suporta esse lance
de ser carioca e ficar
com um olho na sirene outro no traficante?
Quem, não tendo razão alguma
pra aderir às partes
beligerantes,
se vê tão mais encolhido
quando a noite adentra...
– Tiros, tiros, tiros –
A violência anda cara
no Rio, mas há
quem lhe banque:
uma parte vem do pó
outra do restaurante.
– fogos estourando –
Enquanto isso (e não obstante)
Dioníso em solo tupiniquim
sobrevive só porque esguio;
foi pro terreiro, o expulsaram
subiu o morro, ocuparam
entrou no baile, pacificaram
(não há harpa ou lira que baste!)
– uma salva de palmas –
violência mesmo não é
essa violência barata
que se vê nos jornais;
onde foi parar aquele choro cortante
de uma roda de samba?
Pisadas de pata de elefante
sobre o baile funk
– ... –
acharia bom que fizéssemos algo antes
que os corações ficassem
por demais duros
de se proteger das balas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário