sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Era logo ali, na janela próxima
que morava a senhora

De minha janela não via sequer beleza
via idade, marido, cama e mesa
um espesso vidro que a separava
de todo mundo em seu quarto

Como todo dia que via lá ela
era simples, bonito
uma senhora na janela que nada fazia
só olhava e olhava, até que convocada
para o jantar por na mesa
na mesa vazia

As rugas já apareciam
os olhos tristes, quase mortos
já não mais entendiam
porque naquele corpo ainda habitavam

Mas certeza tinha que viva ela estava
já que todo dia da janela
me fitava

Espiava toda vez que até a janela ia
olhar definhado e perdido
que mais parecia um gemido
de um corpo que há tempo não vivia

Certo dia olhei para janelarotina
e nenhum sinal de senhora

Aquela hora do dia
se ali não estava
onde mais estaria?

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