sábado, 11 de setembro de 2010

Amigo de um amigo meu

E a página com letras perdidas e magoadas era tudo o que ele tinha. No final era tudo o que acreditava. Enquanto ia borrando seus pensamentos angustiados pelas linhas daquele papel, imaginava: Nada melhor que algumas metáforas para dar ênfase e, principalmente, colorir palavras frias e sem sentido. Mas estava cansado de todos aqueles frios e quentes para palavras. Buscava algo totalmente novo e fora de alcance. Impossível. Era uma pena não conehcer essa palavra. Era uma pena se limitar por não conhecê-la, se fechar no mundo de total liberdade. Acabaria por se perder. Se perdeu no mundo que ninguém conhecia, mas já era de se esperar. Continuava escrevendo e quanto mais escrevia, mais se sujava e mais sujava aquela folha antes branca e limpa. Sem graça. Talvez agora estivesse com algum colorido, ou quem sabe seria só sujeira mesmo. Começou-se escrevendo sobre arte e terminou gritando por amor. Tá ótimo assim. Que seja sempre assim. Era uma das liberdades que a falta do conhecimento da palavra impossível trazia. Continuava escrevendo e amando. Amava tudo. Era blues, era música, era o lápis sem personalidade e dignidade, que se deixava deslizar naquele papel agora sujo, sem em nenhum momento contrariar aquela mão densa, que soletrava mais que pensava. Aquele lápis carregava uma enorme responsabilidade. Responsabilidade de manter a sanidade daquele menino.
E por fim, quando ele termina de maltratar o papel, resolve voar e voa, voa... até cair e se sentir obrigado a maltratar outro pedaço de papel.

Nenhum comentário: