terça-feira, 17 de abril de 2012

Mais uma loja?


É disso, então, que precisamos, mais uma loja? Talvez nas suas vitrines e prateleiras aí eu me identifique... Desconfio que não. Me pergunto quem vende essas respostas prontas para os problemas da vida de hoje? E mais: quem verdadeiramente as compra? Para debaixo de que tapete varremos essas perguntas que os olhos já estão cansados de ignorar? É para lá que devemos mirar. Desconfio, ainda mais profundamente, que as ditas respostas não estejam à venda. Que tenhamos de inventá-las, assumindo o risco e o mérito inerente à toda empreitada. Quem tem medo do novo?, quem tem a perder? E, antes de tudo, quem, na solidão de sua individualidade, há de solucionar o que se nos apresenta a todos enquanto coletividade?

Repare:
Que se tornou a rua, a praça, espaço público por princípio, senão um vazio que conecta duas propriedades? Todas as questões se tornaram, então, particulares?

Ao que interessa:
Há um prédio que, sendo um enorme monumento ao mal-gosto, localizado à Praça Cazuza (esquina entre duas das mais valorizadas vias da cidade) encontra-se fechado há meses. O espaço antes abrigou uma franquia da rede Mc'Donald's e posteriormente um comitê de campanha do candidato José Serra (daí ter sido apelidado de Mc'Serra) e, desde as últimas eleições, está às moscas. Proponho aos meus concidadãos que pleiteemos junto às autoridades encarregadas a criação de um Centro Cultural, um espaço dedicado ao debate e ao livre-pensar, à troca e às experimentações, tanto artísticas quanto vivenciais.

Até porque, as atribuições de qualquer governo que se preze não se restringem a retirar das calçadas as mesas dos bares, ou multar veículos estacionados em local irregular; mas também proporcionar e incentivar o diálogo entre as pessoas que vivem ou transitam pelo seu território. Digo que não precisamos de mais uma loja, nem de outro escritório (sem negar-lhes a devida importância). Mas urge que criemos, antes de mais nada, um espaço onde o futuro possa ser construído por todos e para todos.

Aos que comprarem esta idéia, peço que ajudem a divulgá-la. Aos que creem ser este um esforço vão, respondo preferir não conseguir a sequer tentar.

Agradecido,

Santiago Lampreia Buarque Perlingeiro.

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