terça-feira, 1 de março de 2011

não posso tentar descrever ou escrever

sobre algo

isso

não é poesia


poesia: de onde nasce?

de onde surge

tão cegos nos faz?

pois

ninguém a vê chegando

(sorrateira ela talvez

apenas se aproxime

quando tudo é surdo)

a poesia

vem em silêncio

se aproxima sem anúncio;

desanunciadamente

se revela e

quando o olho a alcança enfim

já ela está à frente

está já em performance

está num transe

seduz como se

sempre o fizesse

fosse sua essência


e como estivéssemos

numa grave contemplação

ao mármore mais antigo

esculpido do mais íntimo

ela se dissolve

desaparece

sem anúncio

e deixa os olhos

a mirar o vazio

2 comentários:

A. disse...

olha que engraçado o que te falei hoje
"aquele teu poema das palavras escorrendo na página"
olha: a disposição está atrapalhando: ela é ruído demais, eu lembro mais dela do que do poema

Unknown disse...

andré e sua semiótica pós-malthusiana...