Como se houvesse realmente
algo entre nossas faces tão juntas,
em nossos olhos tão admirados
(um véu que aflorasse ao toque?)
Como se, pele com pele,
pernas com pernas,
peito com peito,
houvesse mesmo qualquer evidência
de algo além de dois seres
dois seres em contemplação
tenra
profunda
Como se houvesse mesmo
entre as peles rentes,
roçantes,
qualquer indício de uma metafísica amorosa,
que explicasse a dissipação de todo o mundo
quando tudo desemboca num só ser...
Como se duas vidas conseguissem realmente se aproximar
ainda mais do que permite essa existência,
além desse estreito vão entre dois corpos amorosos
que com tanta sede,
tanto desejo,
tanta vontade,
tenta ser preenchido
Um comentário:
poxa... nem falo nada
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