sábado, 15 de maio de 2010

Poema de madrugada

Os versos da noite, de insone contemplação,
conversejam com esses cânticos,
que passarinhos em sonolência alvoroçada
gorjeiam à em breve manhã;

(ambos sob o escuro céu que reluta em despedir-se das estrelas,
imanados em gravidade)

em seu íntimo transe, os grilos
- bons companheiros de noitadas -
apenas cri-criem.

Ora, quiçá o sossego tanto das noites enfim
seja somente o avesso em devoção:
sonhos - pra lá foram enlevados todos,
por lá que ora vagueiam ao longe;

(alto, o céu boceja delongadamente do escuro que se abre
à claridade inda preguiçosa)

e a quietude é tanta, ingênua,
que deve surpreender-se
com toda a manhã que sucede.

2 comentários:

Unknown disse...

uma consideração que nao sei bem se é relevante: embora eu tenha entendido (ou ao menos creio tê-lo) o que vc quis passar, eu tive a idéia d'isto, mas não senti o Isto, sacou? nao me comoveu...

A. disse...

acho que fico esperando uma última estrofe (talvez mesmo no lugar da tua última, ou então depois dela) que diga "mas eu.." e uma subjetividade enorme (mesmo se só em duas ou três palavras)