terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dia de chuva

Dia de chuva,
meu coração
escorre do peito
e fica a boiar
entre lixo e memórias,
cinzas e ais,
ratos,
lágrimas,
leprosos e
uma menina inocente e bonita;
aquela puta.

- Merda. - reclama a digníssima senhorinha enquanto abre um guarda-chuva ao meu lado, insensível a toda a poesia do mundo.
- Chuva de novo, nessa merda de domingo. - murmura ela, meio que para si; meio que para mim; meio que para o mundo. E se vai, sem perceber meu olhar nas suas costas.

Sorrio,
Recolho meu coração ainda sujo de bosta,
acendo um cigarro.
- Aquela puta... - murmuro num meio sorriso.
E me esvaio
em fumaça e água,
ferimentos e emoções.
Liberto do sofrimento
e aberto
a toda poesia
desse mundo condenado a tragédia.

Um comentário:

gary disse...

A vida dos seus dois lados, a mesma vida, de lá e cá.